Patricia Almeida e um oceano

Patrícia Almeida

Lisboa, 1970 – Lisboa, 2017

A fotografia de Patrícia Almeida nasce da literatura romântica, da música pop/rock e das contraculturas urbanas, repertório vivencial e estético que determinou a fixação das suas imagens. Observadora atenta da realidade contemporânea e disponível para a sua experiência sensível, realizou extensas séries documentais de enorme consistência plástica e intensa subjetividade.

Interessou-se pelo imaginário urbano, tematizando a arquitetura, os espaços públicos, os estilos de vida, as pessoas e as gestualidades simultaneamente específicas e globais. Em “Portobello” registou a iconografia subjacente ao fenómeno do turismo de massas que ocorre no Verão nas estâncias balneares do Algarve, no sul de Portugal, revelando-a através de um exotismo quase panfletário, expondo estereótipos e aspirações de consumo: os cenários normatizados, a felicidade programática das famílias e a erotização de corpos jovens e bronzeados.

Realizada em festivais de música, “All Beauty Must Die” retrata a atmosfera idílica da juventude, a sua pulsão trágica e melancólica, a sua irreverência e liberdade, a sua candura e desconcerto.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto originalmente escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand
Retrato
© PA