Luisa Cunha E um Oceano galeria miguel nabinho

Luisa Cunha

Lisboa, 1949
Vive e trabalha em Lisboa

Particularmente interessada na filosofia da linguagem e nos mecanismos de percepção e comunicação, Luisa Cunha desenvolve trabalho em desenho, vídeo, fotografia, objetos, intervenções e performance, mas sobretudo em textos e esculturas sonoros, criando propostas que rompem as fronteiras entre o público e o privado, e que assumem o tom íntimo da voz que as enuncia: muitas vezes, o da própria artista.

Os dispositivos das suas obras são minimalistas e contidos. A sua discrição permite focar toda a atenção na escuta, no detalhe e pormenor do texto escrito e da palavra dita, enchendo o espaço de imagens mentais e criando esculturas ambientais. As suas mensagens, tão simples quanto insólitas e impertinentes, interpelam o ouvinte em forma de murmúrios, sussurros ou segredos.

Expressões como “É aqui!”, “Shiu”, “Luisa”, “Não, não é ele” ou “Senhora! Toda a gente sabe!” surpreendem durante o percurso expositivo, enquanto outras como “Turn around” ou “Os visitantes que vêm a esta exposição são gentilmente convidados a permanecerem numa posição erguida e a manterem-se em silêncio” comentam e induzem o comportamento do público e subvertem o protocolo institucional.

Escutados, repetida e continuadamente, estes dizeres perdem a emoção e sentido iniciais para se abrirem à imaginação e significação do ouvinte.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand