Maria Helena Vieira da Silva E um Oceano2

Maria Helena Vieira da Silva

Lisboa, 1908 – Paris, 1992

Cedo integrada no circuito internacional das artes, Vieira da Silva foi uma figura destacada da Escola de Paris, cidade onde chega para viver em 1928 e onde ocorrem alguns dos mais determinantes encontros da sua vida: com a galerista Jeanne Bucher e com Arpad Szenes, pintor judeu de origem húngara com quem manterá um casamento cúmplice, no amor e na obra.

Vieira da Silva foi a primeira mulher a receber o Grande Prémio Nacional das Artes do Governo Francês, em 1966, mas, apesar de naturalizada francesa, o seu trabalho não deixará de dialogar com Portugal, o seu país de origem, e sobretudo com Lisboa, onde vive uma infância intelectualmente preenchida e onde sempre retorna. A relação com a cidade revela-se na sua obra através da referência constante à sua luz, topografia, arquitetura e azulejos.

O seu imaginário urbano é evocado em pinturas abstratas, que, na sua máxima complexidade, se desmultiplicam em teias labirínticas, grelhas tridimensionais e perspetivas espelhadas. Variando formatos, ambientes e temáticas, entre o intimista e o monumental, o fulgor e a angústia, a representação de si e a representação do mundo, a obra de Vieira da Silva afirma-se como um complexo “teatro de olhos”.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand
Retrato
Cortesia FASVS/ Comité Arpad Szenes-Vieira da Silva © Ida Kar