
José
Aguiar
A artista vive em Paris a partir de 1958 onde, em parceria com René Bértholo, António Costa Pinheiro, Gonçalo Duarte, José Escada e João Vieira, outros jovens artistas portugueses ali culturalmente exilados, funda a revista KWY, que contará também com a colaboração de Christo e Jan Voss. Criará constantemente outros livros e álbuns, ensaiando livremente géneros, formatos, suportes e técnicas.
O gosto pelas letras, a poesia e a tipografia está também patente nos altos ou baixos-relevos realizados pela artista, resultantes da montagem, colagem e pintura de objetos quotidianos e domésticos em caixas. A captura, projeção e traçado do contorno da sombra de objetos, mas sobretudo de plantas e amigos, tornar-se-á matriz fundamental do seu trabalho. Pintadas sobre tela, bordadas em lençol ou recortadas em acrílico, as sombras transladadas permitem tornar uma ausência presente, como um duplo que reencarna o original.
“É o mínimo que posso ter de uma pessoa”, dirá a artista. Fantasmáticas, flutuantes e transparentes, as figuras beijam-se, fumam e dormem, da mesma maneira que o Teatro de Sombras revela a artista no cumprimento de tarefas banais. Em 1983 volta, com o artista Manuel Zimbro, para a Madeira, ilha onde nasceu em 1930, vivendo até à sua morte na casa cujo jardim dizia ser a sua tela.