Susanne S D Themlitz e um oceano Berta Lucia Themlitz Bock

Susanne S. D. Themlitz

Lisboa, 1968
Vive e trabalha em Colónia

A artista combina a escultura, a instalação, a pintura, o desenho e o vídeo para criar uma linguagem pessoal, uma imagética singular e um microcosmos particular. Explora a plasticidade sensorial das matérias-primas, usando materiais tão distintos como barro, madeira, bronze, fibra de vidro, cimento, roupas, sapatos, funis, tubos de alumínio ou baldes de plástico, e prestando peculiar atenção às texturas, superfícies, fissuras e cromatismos que estimulam fortemente os sentidos.

Encena paisagens orgânicas, habitats precários ou figurações insólitas que destacam a ambiguidade das relações entre o natural, o humano e o animal; e que evocam também a dimensão da experiência emotiva do sonho e das narrativas da infância, fluindo livremente entre o real, o imaginado e o simbólico.

Propõe realidades, geografias e atmosferas alternativas, profundamente inventivas e subjetivas. Os seus lugares, personagens e elementos parecem longinquamente reconhecíveis, conectando-se a um estado primordial ou ao subconsciente.

Pertencentes a uma espécie pressentida na mitologia, na literatura e nas estórias de embalar, criaturas híbridas, mutantes, lendárias, inquietantes, fantásticas, grotescas, metamórficas, trágicas e trocistas, alimentam o questionamento identitário da obra enquanto alter-ego da artista ou representação de uma humanidade surrealista, complexa e enigmática.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand