Tavares
Ângela Ferreira
A biografia de Ângela Ferreira mistura-se com a sua obra. Nasceu em Maputo, antes Lourenço Marques, na ex-colónia portuguesa de Moçambique, e estudou na Cidade do Cabo, na África do Sul, durante o apartheid. A sua pesquisa é fundada em narrativas coloniais e pós-coloniais, propondo uma revisitação escultórica do passado recente das relações de poder entre povos e países.
O “fim do colonialismo, a emergência de novos países e o surgimento de uma África independente, é o período que mais suscita a minha a curiosidade”, dirá a artista, cujo trabalho é particularmente focado nos movimentos de libertação, nas dinâmicas revolucionárias e nas utopias políticas, sociais e culturais, que proliferaram naqueles contextos.
A prática artística de Ferreira emerge de processos baseados na investigação histórica, interpela objetos e discursos do modernismo e materializa-se em instalações formalmente apuradas onde coabitam maquete, texto, desenho, escultura, fotografia, som e vídeo.
Alternadamente inspiradas em arquiteturas móveis e imóveis, edifícios e monumentos, estruturas autorais ou comunitárias, veículos de propaganda e contrapoder, as suas obras celebram, cartografam, interpretam e arquivam modelos do passado, imaginando possíveis futuros.