Angela Ferreira E um Oceano

Ângela Ferreira

Maputo, Moçambique, 1958
Vive e trabalha em Lisboa

A biografia de Ângela Ferreira mistura-se com a sua obra. Nasceu em Maputo, antes Lourenço Marques, na ex-colónia portuguesa de Moçambique, e estudou na Cidade do Cabo, na África do Sul, durante o apartheid. A sua pesquisa é fundada em narrativas coloniais e pós-coloniais, propondo uma revisitação escultórica do passado recente das relações de poder entre povos e países.

O “fim do colonialismo, a emergência de novos países e o surgimento de uma África independente, é o período que mais suscita a minha a curiosidade”, dirá a artista, cujo trabalho é particularmente focado nos movimentos de libertação, nas dinâmicas revolucionárias e nas utopias políticas, sociais e culturais, que proliferaram naqueles contextos.

A prática artística de Ferreira emerge de processos baseados na investigação histórica, interpela objetos e discursos do modernismo e materializa-se em instalações formalmente apuradas onde coabitam maquete, texto, desenho, escultura, fotografia, som e vídeo.

Alternadamente inspiradas em arquiteturas móveis e imóveis, edifícios e monumentos, estruturas autorais ou comunitárias, veículos de propaganda e contrapoder, as suas obras celebram, cartografam, interpretam e arquivam modelos do passado, imaginando possíveis futuros.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand
Retrato
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