Até 1 de Agosto, a associação Rampa apresenta o arquivo de Alice Neel, um das fundadoras do grupo feminista-ativista de artistas anónimas, Guerrilla Girls. A fazer perguntas difíceis e reveladoras desde 1985.



Não sabemos os nomes das fundadoras das Guerrilla Girls, o que sabemos são os pseudónimos que utilizam, nomes escolhidos a dedo como Frida Kahlo, Käthe Kollwitz, Alma Thomas, Rosalba Carriera, Julia de Burgos, Hannah Höch ou Alice Neel. Todos nomes de artistas plásticas que já morreram, uma maneira de impedir que caiam no esquecimento, e como em todo o seu trabalho, uma maneira de lutar contra o sexismo e o racismo no mundo da arte.
Guerrilla Shout-Out! Arquivo Gráfico de Alice Neel, é uma exposição comissariada por Melissa Rodrigues, Rebecca Moradalizadeh, Susana Gaudêncio e Vera Carmo, e traz o espólio de uma Guerrilla Girl em particular, Alice Neel – que esteve presente na inauguração em junho. Mas no fundo desdobra a história do colectivo, que utilizando um design provocador e pop, faz perguntas, mostra estatísticas, faz inquéritos, em suma, coloca o dedo na ferida há 40 anos. Esta entrevista ao Stephen Colbert em 2016, explica as premissas fundamentais (para além de ser maravilhoso vê-las num ambiente mainstream americano).









A equipa de curadoras quis analisar o contexto artístico do Porto e a representatividade da mulher na arte pública, na vida associativa e no trabalho
Mas a exposição não se apresenta apenas como um mostrar do já mítico trabalho das Guerrilla Girls mas sim o adaptar dos seus ensinamentos, perspectiva e visão ao contexto Português e em especial da cidade do Porto. A equipa de curadoras quis analisar o contexto artístico do Porto e a representatividade da mulher na arte pública, na vida associativa e no trabalho, e decidiu convidar para isso uma série de colectivos feministas e uma artista a juntarem-se à equipa da exposição e a trabalharem também com Alice Neel: o Coletivo Afreketê de pesquisadoras independentes; o Coletivo Feminismos Sobre Rodas, um grupo feminista itinerante e ativista; o Coletivo MAAD, de mulheres imigrantes, artistas, designers e arquitetas; e Mariana Morais, autora do projeto Headless Women in Public Art. De sessões de trabalho em conjunto e de encontros com Alice Neel, mais perto da inauguração, resultaram seis cartazes que foram colados nas ruas e na exposição. A esta seção deram o nome, “E se eu fosse uma Guerrilla Girl?”, título de um ensaio da professora e artista Isabel Sabino de 2012.




Mas para além destes cartazes que podem ser levados pelo público para casa, a exposição reúne uma parede/instalação com cartazes do colectivo datados entre 1985 e 2000, ao som de excertos de conversas com Alice Neel; vitrines com edições, postais, autocolantes, catálogos, crachá de identificação e bananas de plástico; uma projeção vídeo com uma conferência das Guerrilla Girls no Simmons College, em 1997; e um ecrã com uma recolha de artigos de jornal sobre o colectivo.






