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Patrícia Garrido

Lisboa, 1963
Vive e trabalha em Lisboa

Em O prazer é todo meu, Patrícia Garrido apresenta uma série de objetos sensualistas modelados a partir do seu próprio corpo, cobertos com os tons e brilhos luxuriantes da sua maquilhagem. Inicia aqui uma pesquisa identitária e afirmativa que também desdobrará em instalações, objetos e vídeos.

Partindo sempre do seu universo pessoal e vivencial, a artista executará um trabalho contínuo de recoleção de materiais quotidianos encontrados, que lhe interessam apenas “na medida em que trazem consigo um pedaço de vida real”, reordenando-os e transformando-os em volumes de forte presença escultórica, como cubos comprimidos ou pavimentos expandidos.

Patrícia Garrido dedica-se ainda, durante todo o seu percurso, a obsessivos processos de registo, medição, quantificação e repetição, enumerando tudo o que ingeriu durante duas semanas, todas as roupas que possuía numa determinada época ou a quantidade de passos que perfazia dentro de casa até completar um quilómetro. Eminentemente performático e sugestivo, o seu trabalho aciona conceitos abstratos e matemáticos como geometria, plano, módulo ou distância.

Partindo sempre da ideia de si e do seu corpo como medida das coisas, a artista assume as suas experiências físicas, subjetivas e intelectuais no atelier, na sua casa ou na dos amigos, como tema fulcral do seu trabalho.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto originalmente escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand
Retrato
Cortesia da Artista © João Ferro Martins