Joana Vasconcelos e um oceano Arlindo Camacho Atelier

Joana Vasconcelos

Paris, 1971
Vive e trabalha em Lisboa

O trabalho de Joana Vasconcelos manipula os estereótipos e os lugares comuns, conjugando categorias aparentemente opostas como o popular e o erudito, o tradicional e o contemporâneo, o kitsch e o clássico, o público e o privado ou o humor e a crítica, dicotomias cujo confronto está frequentemente na origem das suas obras.

Espetaculares, monumentais e barrocas, as suas esculturas apresentam, às vezes cumulativamente, movimento, som, luz e cromatismo exuberantes. São geralmente construídas através da justaposição repetida de um mesmo objeto para formar um novo objeto, criando, a partir do deslocamento de sentido e da surpresa dessa relação, novas narrativas e significados.

A utilização de tachos, talheres, espelhos, napperons, collants, joias, flores e plumas, objetos quotidianos associados ao universo feminino de uma cultura essencialmente patriarcal, levanta questões de dominação, subjugação e invisibilidade de género.

Algumas das suas obras fazem referência à cultura popular portuguesa, nomeadamente ao fado da Amália, ao coração de Viana, ao galo de Barcelos, à cerâmica das Caldas ou ao crochet do Pico, celebrando um imaginário coletivo de simbologia nacional e valorizando os seus gestos, técnicas, materiais, tradições ou rituais.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto originalmente escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand
Retrato
Cortesia Atelier Joana Vasconcelos © Arlindo Camacho