Isabel Carvalho e um oceano julio moreira

Isabel Carvalho

Porto, 1977
Vive e trabalha no Porto

O universo de Isabel Carvalho constrói-se entre as artes visuais e a escrita, centrando-se na linguagem e no seu potencial criador e transformador. O seu trabalho desenvolve-se através do desenho, pintura, escultura, instalação e performance, mas também por meio da literatura, edição de livros, revistas, blogues e websites, cartazes e publicações de artista. Eliminando fronteiras entre o erudito e o popular, abraça as ideias de amadorismo, desapropriação autoral, encontro, troca e colaboração, às vezes ficcionando-as com recurso a heterónimos, nomeadamente a Clara Batalha.

Carvalho apoia-se no registo diarístico de acontecimentos banais, nos jogos de palavras e nos anagramas. Explora a linguagem enquanto construção cultural, estando particularmente atenta à comunicação não-verbal, ao desejo e ao erotismo nas identidades feminina e queer, ao cuidado do outro, à ecologia, à economia e à política.

A autogestão faz parte de uma prática de intervenção continuada de Isabel Carvalho na criação de territórios independentes, sobretudo na e a partir da cidade do Porto, Portugal. Engloba a autopublicação, a gestão e programação de espaços expositivos, a organização de residências e cozinhas comunitárias, a realização de concertos de música e spoken word ou a criação e manutenção de plataformas digitais, entre outras ações poéticas e concretas.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand