Fragateiro
Inês Botelho
Embora se relacione com o espaço, a arquitetura e a paisagem, o trabalho de Inês Botelho é eminentemente escultórico. Explora materiais como cal, barro, madeira e metal, desafiando-os tecnicamente com propostas de resultados tão exatos quanto impossíveis.
A partir de um desenho previamente projetado, e apoiando-se na experiência e colaboração de artesãos de ofícios tradicionais, Botelho ensaia a alteração das qualidades e estados físicos das matérias-primas para ludibriar e subverter fenómenos e conceitos elementares e universais como massa, movimento, sombra, gravidade, orientação e tempo.
No desenho como na escultura, as suas ações assentam num vocabulário geométrico – como linha, rebatimento, translação e rotação –, arquitetónico – como muro, tenda, prumo, estaca e habitante – ou geográfico – como fronteira, mapa, paisagem e território –, a partir do qual se constrói a sua poética formal. As suas obras são desenhos no espaço que se formalizam enquanto propostas insólitas de interação.
Põem em causa os paradigmas de ordenação do mundo, nomeadamente os ciclos cósmicos e planetário, e desestabilizam as dinâmicas das relações entre pessoas, objetos e espaços, induzindo à perceção irrealista da escala e da perspetiva e colocando em tensão a ideia de espaço comum.