ines botelho e um oceano duarte belo

Inês Botelho

Lisboa, 1977
Vive e trabalha em Lisboa

Embora se relacione com o espaço, a arquitetura e a paisagem, o trabalho de Inês Botelho é eminentemente escultórico. Explora materiais como cal, barro, madeira e metal, desafiando-os tecnicamente com propostas de resultados tão exatos quanto impossíveis.

A partir de um desenho previamente projetado, e apoiando-se na experiência e colaboração de artesãos de ofícios tradicionais, Botelho ensaia a alteração das qualidades e estados físicos das matérias-primas para ludibriar e subverter fenómenos e conceitos elementares e universais como massa, movimento, sombra, gravidade, orientação e tempo.

No desenho como na escultura, as suas ações assentam num vocabulário geométrico – como linha, rebatimento, translação e rotação –, arquitetónico – como muro, tenda, prumo, estaca e habitante – ou geográfico – como fronteira, mapa, paisagem e território –, a partir do qual se constrói a sua poética formal. As suas obras são desenhos no espaço que se formalizam enquanto propostas insólitas de interação.

Põem em causa os paradigmas de ordenação do mundo, nomeadamente os ciclos cósmicos e planetário, e desestabilizam as dinâmicas das relações entre pessoas, objetos e espaços, induzindo à perceção irrealista da escala e da perspetiva e colocando em tensão a ideia de espaço comum.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand