Gabriela Albergaria E um Oceano 1

Gabriela Albergaria

Vale de Cambra, 1965
Vive e trabalha em Bruxelas e Lisboa

O trabalho de Gabriela Albergaria propõe uma cosmovisão que se baseia na primazia da natureza e na necessidade do seu conhecimento, pesquisa, revitalização e reconstrução cultural. Através de meios como a escultura, a instalação, a fotografia e o desenho, as suas obras propõem a reparação e a cura de um ecossistema vegetal fragilizado por um processo de sistemática destruição. Rebate a finitude dos elementos naturais com a potência criadora e laboratorial da arte.

Recria composições em que desenhos completam ou ficcionam partes omissas de fotografias de paisagem e esculturas que reconstroem árvores já mortas ou condenadas à remoção.

Gabriela Albergaria destaca, coleta, agrupa, inventaria, cataloga e manipula espécimes da natureza, salientando e tornando visível a sua diversidade. Utiliza plasticamente cores, formas e representações dos seus elementos constituintes, transformando-os e descontextualizando-os para narrar uma experiência sensorial e subjetiva, mas também estética e política da paisagem.

Interessa-se pela ecologia, pela história da jardinagem e da domesticação da natureza, pela botânica e pela arquitetura de paisagem. Orientada por uma visão crítica dos processos históricos de apropriação, exploração e aculturação do natural, Gabriela Albergaria apela subliminarmente a uma união orgânica com o vivo e a natureza.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand