Fernanda Fragateiro E um Oceano Humberto Mouco 1

Fernanda Fragateiro

Montijo, 1962
Vive e trabalha em Lisboa

Cruzando a escultura, a instalação e a arquitetura, as obras de Fernanda Fragateiro dialogam com os espaços museológico, público, natural ou paisagístico que ocupam. Estabelecem relações de escala, ambiente, matéria, equilíbrio e narrativa com os elementos circundantes e orientam ações performativas como entrar, caminhar ou sentar.

Articulam elementos construtivos e materiais pobres e pesados como madeira, gesso, cimento, tijolo e alumínio, com superfícies lisas, espelhadas, polidas e cromadas e propõem, na sua extrema economia e rigor formais, a valorização do seu fundamento conceptual. “Eu quero que o material, a terra, a pedra, a madeira, sejam conteúdo. (…) Quero que o material esteja o mais próximo possível da ideia, do pensamento”, afirma a artista.

Se alguns dos seus projetos resultam de colaborações diretas com artistas, arquitetos paisagistas ou performers, outros têm como ponto de partida a investigação crítica e política sobre o trabalho de autores, essencialmente arquitetos e designers, que marcaram rupturas, inflexões e fracassos ideológicos na história do modernismo. Esse enquadramento é reforçado por uma referência à ideia de biblioteca e à constante utilização de livros, frequentemente edições raras selecionadas pela relevância do seu conteúdo tanto quanto da sua forma.

Lígia Afonso
[Plano Nacional das Artes e Fundação Calouste Gulbenkian]
Curadora, professora e investigadora nascida em Lisboa em 1981
Texto escrito para a plataforma Google Arts & Culture a propósito da exposição “Tudo o Que Eu Quero, Artistas Portuguesas de 1900 a 2020”, comissariada por Helena de Freitas e Bruno Marchand
Retrato
Cortesia da Artista © Humberto Mouco